Eu morria de medo de avião. Uma sensação que aumentava só de
me imaginar dentro de um lugar do qual não poderia sair quando quisesse. Que
não poderia “puxar a cordinha” para que parasse no meu ponto de interesse.
Aquilo me torturava, mesmo antes de sequer por os pés em um deles. Para mim era
uma claustrofobia que não saberia lidar. Nem mesmo sei de onde surgiu esse
pânico de lugares fechados. Sei que de uma hora para outra os elevadores
tornaram-se os piores lugares.
A primeira vez que viajei de avião foi por conta de uma
matéria. A companhia aérea que estreava aeronave convidou o jornal para
conhecê-la através de um voo bate-volta Petrolina-Salvador-Petrolina. Eu me
escalei, no impulso. Era uma boa oportunidade de driblar o medo, já que não
iria poder demonstrá-lo tão intensamente. Foram dias de agonia até a hora da
viagem. Pesadelos, suor frio, tinha certeza de que sofreria um infarto, que meu
corpo não aguentaria a pressão nem a altitude (sim, eu sabia que o avião
oferecia todas as condições para meu corpo não se decompor, que era bem mais
fácil sofrer um acidente atravessando a rua na volta pra casa).
Quando me percebi estava sentada na janela, inquieta,
olhando a pista de decolagem. E logo via a cidade se apequenando, o rio
tornando-se um fio contornando as plantações verdinhas, a caatinga esturricada.
Logo ultrapassava as nuvens, com o coração acelerado. Parece bobagem, mas
percebi que a claustrofobia era pequena diante da metáfora que se desenhava
diante de mim. Meu medo maior era de ganhar asas e ir para além de onde meus
pés não conseguiriam me levar. Algo que, no fundo, eu sempre quis, mas não
conseguia (consigo) lidar muito bem. Eu, que sempre fui sonhadora ao extremo,
temia tirar os pés do chão.
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