quarta-feira, 23 de abril de 2014

A caixa (Parte I)

A decisão foi encaixotar os sentimentos. Deixá-los empoeirados sob os dias já esquecidos.

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A caixa era pequena para o volume que pretendia carregar. Trazia consigo um laço mal feito e letras rápidas que não queriam dizer. “Para o tempo. Que se encarregue de levá-los até onde der para levá-los”. Ponto e só. Sem nome, endereço, a caixa foi deixada em uma praça movimentada, sem testemunhas nem álibis, quase imperceptível no vai e vem enlouquecido de pessoas.

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Já era quase noite quando avistei o objeto preto e retangular, esquecido em meu caminho diário de volta para casa. A curiosidade não me deixou passar despercebida. Apanhei a pequena caixa, como em um ato-reflexo. As palavras chamavam atenção pela velocidade com que aparentavam ter sido escritas. Não consegui deixa-la para trás. “Quem nunca quis abandonar um pouco de si mesmo e ser descoberto por outra pessoa? Ou ser esquecido para sempre?”.

Eram várias cartas. Sem remetentes ou datas. Talvez nunca enviadas, ou nunca respondidas. Cartas que caminhavam soltas sem as amarras que certamente fizeram delas agora abandonadas. E que se preparavam para renascer em uma nova história.

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