A decisão foi encaixotar os sentimentos. Deixá-los
empoeirados sob os dias já esquecidos.
xxxxx
A caixa era pequena para o volume que pretendia carregar.
Trazia consigo um laço mal feito e letras rápidas que não queriam dizer. “Para
o tempo. Que se encarregue de levá-los até onde der para levá-los”. Ponto e só.
Sem nome, endereço, a caixa foi deixada em uma praça movimentada, sem
testemunhas nem álibis, quase imperceptível no vai e vem enlouquecido de
pessoas.
xxxxx
Já era quase noite quando avistei o objeto preto e
retangular, esquecido em meu caminho diário de volta para casa. A curiosidade
não me deixou passar despercebida. Apanhei a pequena caixa, como em um
ato-reflexo. As palavras chamavam atenção pela velocidade com que aparentavam
ter sido escritas. Não consegui deixa-la para trás. “Quem nunca quis abandonar
um pouco de si mesmo e ser descoberto por outra pessoa? Ou ser esquecido para
sempre?”.
Eram várias cartas. Sem remetentes ou datas. Talvez nunca
enviadas, ou nunca respondidas. Cartas
que caminhavam soltas sem as amarras que certamente fizeram delas agora
abandonadas. E que se preparavam para renascer em uma nova história.
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