terça-feira, 1 de abril de 2014

Voltando a caminhar o caminho...

Ocean Sprout / Vladimir Kush
“Você era muito surrealista”. Era. Sou. A frase foi de um amigo e mexeu comigo, despertou o “surreal” adormecido em meus inúmeros descaminhos que me tornou mais olhos para fora e pé no chão. Como é chato isso. Logo eu, diversos mundos em uma criatura que às vezes não quer se ser, milhões de histórias tecidas imaginariamente, madrugada adentro, a pé pelas ruas. Histórias que nunca conheceram a cor do papel e se perderam ao longo de estradas que não se imagina.

“Ainda sou. Só não pratico”, respondi de imediato. “A gente deixa coisas de lado que não deveria”. Deixa mesmo e realmente não deveria. É difícil admitir que sufocamos certas disposições, seja lá por quais motivos, muitos deles nem tão fortes assim. E que nos acovardamos diante de possibilidades. E nos acomodamos com os degraus já subidos sem ter coragem de olhar para cima e ver que a escada nem bem começou. Vivemos por demais o real e vamos deixando para lá o que é invisível aos olhos, mas perceptível ao inconsciente, não somos os detalhes, esquecemos as sensações. Deixamos de ouvir e lá se vão as abstrações, mãos dadas com as oportunidades ignoradas.  

Felizmente ainda é tempo de dar ouvidos a todo esse surrealismo. 

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