Quem já não se deparou com os mal-estares da alma? E quem
já não procurou ajuda para saná-los? Aquele homem não era só mais um, era
alguém que precisava desabafar o que tanto lhe incomodava por dias a fio.
Interior de uma cidadezinha pequena já no nome. Seguiu as
ruas de terra na esperança de o médico tirar-lhe as dúvidas. Espera impaciente
pelo encontro que talvez mudasse a vida, passava o tempo lentamente contando as
horas pelo sol que ficava cada vez mais alto.
“O senhor, por favor, venha por aqui”. Encontrava-se,
depois de sabe lá quanto tempo, com a resposta para as suas perguntas mais
viscerais.
“O que sente?”, perguntou o médico, em seu ofício
cotidiano de entrevistador.
“Ó, doutor. É uma alegria que sobe e quando chega na
cabeça só me vem o tempo de menino. E isso só acontece quando tem lua cheia,
desde que um piolho de cobra picou meu dedão do pé”.
E o silêncio pairou pelo consultório, um ar risível no
ambiente. E nada que a medicina mais moderna pudesse explicar, nada que os
estudiosos mais renomados pudessem dizer.
“Se é alegria, melhor não mexer”, concluiu o médico no
alto de sua sapiência. E o rapaz saiu de lá, satisfeito por seu problema ser o
que tanta gente procura.