terça-feira, 29 de julho de 2014

"O que sente?"

Quem já não se deparou com os mal-estares da alma? E quem já não procurou ajuda para saná-los? Aquele homem não era só mais um, era alguém que precisava desabafar o que tanto lhe incomodava por dias a fio.

Interior de uma cidadezinha pequena já no nome. Seguiu as ruas de terra na esperança de o médico tirar-lhe as dúvidas. Espera impaciente pelo encontro que talvez mudasse a vida, passava o tempo lentamente contando as horas pelo sol que ficava cada vez mais alto.

“O senhor, por favor, venha por aqui”. Encontrava-se, depois de sabe lá quanto tempo, com a resposta para as suas perguntas mais viscerais.   

“O que sente?”, perguntou o médico, em seu ofício cotidiano de entrevistador.  

“Ó, doutor. É uma alegria que sobe e quando chega na cabeça só me vem o tempo de menino. E isso só acontece quando tem lua cheia, desde que um piolho de cobra picou meu dedão do pé”.

E o silêncio pairou pelo consultório, um ar risível no ambiente. E nada que a medicina mais moderna pudesse explicar, nada que os estudiosos mais renomados pudessem dizer.

“Se é alegria, melhor não mexer”, concluiu o médico no alto de sua sapiência. E o rapaz saiu de lá, satisfeito por seu problema ser o que tanta gente procura. 

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